Rato de Show • 4 de março de 2025

Slayer - Será que o "Come to Brazil" acontece?

Para sonhar, basta a imaginação...

A resposta curta para te poupar de dúvidas e não achar que este é um post clickbait é que não, não há evidências que sugerem que o Slayer poderia colocar seus pés em solos brasileiros no futuro imediato. Mas isso não significa que não exista a chance! Vem que te explico...

Mas, antes de mais nada, é importante lembrar do ano de 2018, quando se teve início a turnê de despedida do Slayer dos palcos, que teve sua passagem pelo Brasil em 2019, ano em que tanto a turnê quanto a banda chegaram ao "fim".


Colocando todos os amantes do metal em um sentimento fúnebre, a aposentadoria, vista por muitos como "precoce", encerrou uma era, sendo o Slayer os primeiros do Big 4 do thrash a se aposentarem. Mas, verdade seja dita, com sua formação em 81', ter o encerramento dos palcos em 2019 representava quase 40 anos de uma longa rotina de estrada que, somado ao discurso de membros como Tom Araya (vocal/guitarra) sobre o cansaço e o estresse dos palcos e a vontade de ficar com a família, fazia deste um fim de uma bela trajetória mais do que justificada. Até porque, em muito, a resistência e a necessidade de lidar com a frustração do "fim" dos grandes nomes é mais responsabilidade nossa, fãs, que muitas vezes nos colocamos na perigosa posição de demandar pela incessante entrega do artista, que no fim é só mais um ser humano querendo sua aposentadoria (rs).

O tempo voa e, mesmo parecendo estar logo ali, sete anos se passaram desde o início do desfecho desses mestres, que seguem colecionando viúvas de um lado e aquela "inveja boa" ao se deparar com aquele sujeito na fila do show que, com um sorriso largo de lado a lado, diz: "Slayer? Ah, sim, já fui a alguns shows. São os melhores!". Mas, no ano passado, em 2024, as coisas tomaram um novo rumo e um novo capítulo curioso começou a se formar.


Pegando todos de surpresa e fazendo inveja para a maioria do mundo, menos para os Estados Unidos, o Slayer  subitamente anunciou três apresentações marcadas para 2024: uma no Riot Fest em Chicago, outra no Louder Than Life 2024 em Louisville e, por fim, no Aftershock em Sacramento. A performance no Aftershock, diga-se de passagem, foi algo tão monumental que parecia que os portões do inferno haviam sido abertos em comemoração ao retorno do quarteto (pelo o que mostram os vídeos, rs).

No entanto, o que aparentemente seria apenas uma apresentação pontual não só se estendeu para 2025, como, no caso do cancelamento do Louder Than Life 2024, fez do Slayer imediatamente um dos headliners confirmados de 2025. Além disso, surgiu o nome da banda para compor a, também fora de série, turnê de despedida do Black Sabbath, que ocorrerá este ano em Birmingham, Inglaterra.


Até aqui, "tudo bem", pois, para além de shows pontuais nos EUA – o que reduz significativamente várias questões de logística e dá a possibilidade de os músicos se apresentarem (até porque o fim da banda sempre teve como um dos argumentos mais fortes o peso das turnês) –, estamos falando também de uma ocasião única e histórica, como a participação no momento final de uma das lendas vivas de nossos tempos.


Mas as pontadas de esperança começam a nascer quando o que era exceção começa a se repetir cada vez mais...


Isso porque juntamente à apresentação a ser realizada no dia 5 de julho em Birmingham, o Slayer anunciou recentemente outros dois shows adicionais, sendo eles como banda principal: um no dia 3 de julho em Cardiff e outro no dia 6 de julho em Londres. Para essas apresentações, somam-se ao lineup outros grandes nomes, como: Amon Amarth, Anthrax, Mastodon, Hatebreed e Neckbreaker.


Eu sei o que você pode estar pensando... "Rato, faz sentido aproveitarem a viagem e realizarem alguns shows pontuais pela região"... e faz! Sendo essas, inclusive, as "únicas apresentações do Slayer pela Europa neste ano", como apontado pela banda.


Se ainda tivessem dito "deste ano", aí sim a história seria diferente e a esperança aumentaria. Então, os ânimos podem se conter... um pouco.

É aí que as coisas tornam a ficar interessantes quando, bem após os shows no antigo continente, ao talvez retornar para casa, o Slayer antes faz um pequeno desvio para o Canadá, para uma performance única no Festival d'Été em Québec.


Um festival, diga-se de passagem, bem misto em termos de gênero, que com certeza destoa em muito da seletividade ocorrida em suas outras datas.


Toda essa mudança repentina nos ponteiros, com um aumento crescente nas datas de apresentação, sugere um retorno efetivo do Slayer aos palcos?


Não. Na realidade, tudo o que acabei pontuando ao longo deste artigo poderia muito bem ser apenas o que é: um conjunto de coincidências misturado com a disponibilidade da banda para realizar algumas performances. Até porque, como dito, nunca foi falado que o Slayer havia chegado ao fim de suas atividades completamente.


Meramente o que foi dito é que o ciclo de turnês e a dinâmica padrão de uma banda de seu porte é que se encerraria.

"Mas pqp, Rato. Então qual é o seu ponto?"


Pois é, senhoras e senhores. Meu ponto é chamar a atenção para uma outra banda que passou pelo mesmo tipo de comportamento (com suas diferenças, é claro), mas que em muito se assemelha também: o System of a Down. Outro nome que se afastou definitivamente dos palcos, mas que, nos últimos anos, veio retomando com apresentações pontuais pelos Estados Unidos, uma a duas vezes por ano, até o derradeiro anúncio da vinda da banda para a América do Sul.


Fosse jogo de marketing ou apenas outra coincidência, muito do que vimos anterior ao anúncio do SOAD no Brasil, para além dos posts virais de viúvas da banda, foram momentos marcantes e viralizantes, como o caso da vinda de John Dolmayan para o Brasil para uma tarde de autógrafos no fim de 2023, seguido de Shavo Odadjian com sua banda, S.H.A.V., no Knotfest em 2024 que contou com a participação de John tocando ainda Prison Song, até o vídeo republicado pelo próprio Shavo de uma multidão no Allianz Parque cantando Chop Suey.


Toda a crescente demanda ao longo dos anos, somada a esses momentos de oportunidade, coincidência e um bom papel de intermediação nos bastidores, teve seu efeito, com a vinda do System para cinco shows no Brasil este ano. Já o Slayer, por sua vez, sempre foi uma banda que se mostrou presente na América Latina, vindo um total de sete vezes para nossas terras entre 1998 e 2019, reforçando que não são estranhos ao verde e amarelo.

Agora, a nova oportunidade nasce na forma do Bangers Open Air, festival que ocorre no Memorial da América Latina entre os dias 02 a 04 de maio em São Paulo. Entre as atrações, teremos no dia 04 no palco Hot Stage, nada mais, nada menos que Kerry King, guitarrista do Slayer com seu projeto solo, que também foi outra notícia de grande alegria para os fãs, devido à expansão do Slayerverso com o From Hell I Rise, primeiro álbum do projeto lançado no ano passado, com alta receptividade pela mídia e que traz um grupo de peso como: Mark Osegueda (Death Angel) nos vocais, Phil Demmel (ex-Vio-lence e Machine Head) na guitarra, Kyle Sanders (Hellyeah) no baixo e Paul Bostaph (Slayer, Testament, Forbidden e Exodus) na bateria.


Isso significa que no mês de maio, não só teremos a oportunidade de ver um material novo, atual e que em muito se assemelha ao Slayer diretamente do maior festival de metal da atualidade do Brasil, como também teremos dois membros do Slayer dividindo o palco para juntos performarem, sendo que algumas músicas do Slayer fazem parte do setlist do conjunto.


A história pode muitas vezes não se repetir, mas com certeza ela pode rimar, sendo esta uma oportunidade única para os fãs reiterarem seu amor pela banda e criarem a pressão da demanda para a América Latina ser um destino oportuno para estas que devem seguir sendo apresentações extremamente pontuais do Slayer pelo mundo nos próximos anos.


Não, não deveremos ver o quarteto retornando aos palcos na mesma rotina após 40+ anos de estrada, mas isso não significa que não possamos sonhar e tentar pleitear uma última vinda dos mestres do thrash para as nossas terras.


Talvez, só talvez, a bola esteja do nosso lado da quadra agora.

SERVIÇO - BANGERS OPEN AIR

Endereço: Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda, São Paulo

Local: Memorial da América Latina

Abertura das Portas: 11h00

Show time: 12h10

Classificação: +18

Ingressos: A partir de R$575

Link: https://www.clubedoingresso.com/evento/bangersopenair-04-05-25