Rato de Show • 20 de março de 2025

Cobertura: The Offspring (SP)

Punk has come to São Paulo

Créditos das fotos: @bmaisca


Dos dias cinco a onze de março, aconteceram pelas terras do verde e amarelo cinco apresentações do tão aguardado Supercharged Worldwide In 25’, a turnê do The Offspring que prometia entregar (e, spoiler, definitivamente conseguiu) shows inesquecíveis por aqui. Com leves alterações em seu lineup para alguns estados, com menos bandas de apoio em algumas localidades, São Paulo e Curitiba foram as selecionadas para o que foi conhecido como “Punk is Coming”, um verdadeiro festival com curadoria do The Offspring que contou também com as bandas: Amyl and the Sniffers, The Warning, The Damned, Rise Against e Sublime.


Estivemos presentes na data de São Paulo, a convite das Lojas Besni, para conferir esse evento de pura conexão entre a música e as pessoas. Fica aqui nosso verdadeiro agradecimento pela oportunidade!


Mesmo com os portões ainda fechados, nas primeiras horas do dia já era possível ouvir o barulho de um público que se reunia logo cedo em antecipação ao show. Definitivamente, a aglomeração tinha nome, mas não na língua materna inglesa. Isso porque uma das primeiras bandas do dia, que também se fazia como a primeira vinda ao Brasil, as três irmãs diretamente do México do The Warning, já contavam com uma legião de fãs que fazia questão de mostrar que, se dependesse deles, o festival do The Offspring levaria eles apenas em nome.


A abertura dos portões ocorreu sem maiores problemas ou demora, pouco depois das 12h, onde pouco a pouco a multidão se apressava para ir tomando os melhores lugares da casa. Vale notar que, tipicamente, mas até de forma mais expressiva, as primeiras horas de um festival já costumam ser menos volumosas, onde o verdadeiro fluxo de pessoas passa a chegar já próximo das bandas finais, mas neste dia em específico, estava bem aparente o quanto, pensando em uma proporção de estádio, os primeiros shows seriam uma relação bem mais intimista devido ao número de público.

Pontualmente às 14h, dava-se o início do festival com a entrada de Amyl and the Sniffers. Diretamente da Austrália, em sua primeira vinda ao Brasil como parte também de sua Cartoon Darkness World Tour, em referência ao seu último álbum lançado em 2024, que vem ganhando atenção e reconhecimento mundial devido a ambos som e performance que misturam uma energia punk bem crua e com muita atitude na figura de Amy, uma verdadeira frontwoman que, com seu visual minimalista (e ouso dizer até praiano em certo ponto), se faz uma gigante que foge do estereótipo clássico do “punk”, mas que o tem em sua essência.

Amyl and the Sniffers no Brasil em São Paulo

Isso já ficou bem claro logo na primeira, com Security, música bem energética que já traz todos os elementos característicos da banda, como danças ora rígidas que muitas vezes simulam movimentos de fisiculturismo, ora com leves momentos de sensualização, mas todas com muita energia que combinam perfeitamente com seu estilo vocal falado em alguns momentos.


Doing In Me Head e Chewing Gum foram outras faixas para fechar a primeira trinca que mostrou ao público que aquela seria uma apresentação de alta energia do começo ao fim. Com uma Amy correndo de um lado para o outro do palco e até as extremidades, não tinha um metro quadrado que a loirinha não ocupasse, espalhando sua clara felicidade, vocalizada em muitos momentos ao público sobre a oportunidade de estar no Brasil, para aqueles que ali estavam e, é claro, encorajando a todos a se entregarem ainda mais.


Pelo restante do set, o público já se mostrava totalmente cativo pelo carisma não apenas de Amy, mas da banda como um todo (especialmente Gus Romer, que parecia um pimentão de tão vermelho que já estava devido ao forte sol). Outros destaques se dão na música Tiny Bikini, um grande hino feminino sobre autenticidade e a questão do julgamento perante o vestuário, algo sempre expresso em Amy justamente em suas roupas, o que, em pleno Dia Internacional das Mulheres, se fez como um dos pontos altos da apresentação.

Amyl and the Sniffers no Punk is Coming

O outro, com certeza, se deu em um de seus maiores hits, U Should Not Be Doing That, onde a artista desceu do palco e passeou rapidamente pela extensão do gradil, animando completamente o público pelo gesto (e único do dia), quase como uma forma de reconhecimento por todos aqueles vibrando pela banda.


Para aqueles que tiveram a oportunidade de ir ao sideshow da banda, na quinta-feira, dia 06, certamente puderam presenciar um ambiente mais cru e próximo da realidade do dia a dia da banda, mas certamente a apresentação em um grande estádio não foi uma onde a banda foi “engolida” pelo espaço. Muito pelo contrário, se permitido, seria possível ver uma Amy correndo por todo o Allianz, espalhando sua atitude e energia contagiante que deve ter rendido muitos novos fãs naquele início de tarde.


Com um começo de grande animação, a antecipação pelos próximos minutos antes do início das irmãs do The Warning foi marcada por muita ansiedade e expectativa dos fãs. Aqueles que desconheciam a banda e que se misturavam no meio pareciam mostrar até certo ceticismo sobre Daniela (vocal/guitarra), Paulina (vocal/bateria) e Alejandra (vocal/baixo), as mexicanas mais queridinhas do mundo da música atualmente e que, apesar de extremamente jovens, já vêm há uma década construindo a base do sucesso global que parecem finalmente estar começando a alcançar.

The Warning no Brasil show Allianz

Ainda que uma das bandas que mais se distanciou da proposta punk do festival, isso não foi um impeditivo para o público ir à loucura à medida que a intro de Error 404 começasse a rodar pelo sistema de PA, seguida da entrada das irmãs para efetivamente sua estreia nos palcos brasileiros. Já em S!CK, ficava claro também o motivo da escolha da banda para o festival: não apenas pelo público que cantava frase a frase as músicas da banda, mas pela imediata energia do The Warning, que, em sua proposta de rock alternativo, trazia uma dinâmica e um storytelling realmente diferenciados.


No que tange à música, a sonoridade da banda variou entre as faixas, com momentos de maior intensidade e um rock mais pesado com direito a fortes vocais de Daniela, com destaque para a música Qué Más Quieres, cantada em espanhol, a músicas mais lentas e emocionantes como Hell You Call a Dream, a favorita dos fãs. Ainda que com um arranjo bem harmonizado, não tem como não chamar a atenção o equilíbrio entre as vozes, participações e protagonismos em cada faixa, bem distribuído entre as irmãs, que reforça também o potencial vocal de cada uma, em especial Paulina, que neste caso ainda divide a função com a bateria.


Mas se a sonoridade não fosse o bastante, era simplesmente impossível não se deixar engajar com o The Warning, pelo magnético carisma presente nas três. Entre sorrisos, interações constantes com o público, uma Daniela que arriscava o tempo todo um português com um quê de espanhol tornava toda a conexão e a proximidade absurdas, ficando evidente o carinho da banda pelo país, ainda que sendo a primeira vinda delas às nossas terras.

The Warning no Brasil show Allianz

Com um set marcado por outros grandes títulos como MORE, Sharks e Automatic Sun, ainda que curta, a apresentação foi contundente e uma ótima ponta de entrada para aqueles não familiarizados com uma banda que certamente vive um momento de ascensão e tranquilamente ainda irá protagonizar diversos grandes momentos não só ao redor do mundo, como no Brasil, onde já fica a expectativa para um breve retorno.


Com um sorriso, um tchau e a saída de palco, magicamente vimos uma rotação do público presente, com a grande maioria daqueles ocupando as primeiras fileiras indo para trás, ou até embora, tamanho o reflexo do peso do The Warning para o quadro do lineup. Uma pena, pois na sequência tivemos um verdadeiro túnel do tempo na forma de uma performance clássica do The Damned.


Uma verdadeira instituição do rock viva, o The Damned, se dependesse do impacto e legado histórico, seriam os verdadeiros headliners do dia. Isso porque, ao lado do Sex Pistols e The Clash, são cunhados como os precursores do punk, isso há quase 50 anos atrás, influenciando diversos gêneros como o gótico e bandas que inclusive já fizeram covers deles, como Guns N’ Roses e até mesmo o próprio The Offspring.

The Damned no Brasil show Allianz

E essa “uniqueza”, assim como o ar de “realeza do rock”, era algo extremamente presente, desde a identidade visual da banda, em especial Dave Vanian, com seu estilo rockabilly gótico, e Captain Sensible, com sua roupa que lembrava o Waldo, com direito a sua característica boina vermelha. Um verdadeiro impacto visual e carismático; no fim, é importante dar destaque também àquilo que realmente importa: uma música marcada por muito ritmo, cadência e crueza até certo ponto, digna de um setlist que também reforça todas as fases passadas pela banda ao longo dos anos.


Com destaque para as lendárias Love Song, Neat Neat Neat e Smash It Up, aqueles familiarizados com a banda puderam lavar completamente a alma, assim como aqueles que os desconheciam tinham uma verdadeira aula de rock clássico. Outro grande elemento atmosférico e etéreo que elevou e trouxe uma camada de emoção ao show foi a passagem de Brian James, guitarrista original da banda, apenas dois dias anteriores ao show, que, tendo uma dedicação para o mesmo em Fan Club, emocionava não só os fãs, como a própria banda pela partida do antigo companheiro de viagem.


Feito este repetido também em outro grande título, New Rose, onde uma imagem do guitarrista se expandia pelo background durante toda a canção. O The Damned foi outra banda que realizou um show solo pelo Cine Joia e a única a também abrir um espaço para um meet and greet gratuito na Galeria do Rock, sendo um verdadeiro símbolo de simplicidade e humildade, ainda que também carregando um duradouro e eterno legado pelo impacto de diversas gerações por quase meio século.

Rise Against no Brasil show Allianz

Mas se até aqui o momento foi marcado pelo clássico, pela emoção e referência, era hora de outra grande escalada na barra da energia, pois, assim como o entardecer ganhava força, era a hora de trazer toda a energia com o eletrizante e irreverente Rise Against


Outra banda que dispensa comentários e que não é nada estranha ao Brasil, vinda direto da virada do milênio, o Rise Against sempre foi uma banda enraizada no punk e hardcore, trazendo muita melodia daquelas que grudam e reverberam na cabeça, mas engana-se quem pense que seus riffs e letras sejam desprovidos de conteúdo.


Com um veio político e de posicionamento contundente, a banda, capitaneada por Tim McIlrath (vocal/guitarra) e Joe Principe (baixo), conta também com uma formação sólida com Brandon Barnes (bateria) e Zach Blair (guitarra) desde o início dos anos 2000. Títulos como Re-Education (Through Labor), The Violence, Prayer of the Refugee e, claro, Savior são títulos que não só deixam clara sua mensagem de resistência, como também foram músicas presentes ao longo do set, que simplesmente levantou todo o público (que naquele ponto apenas crescia e crescia) do chão, trazendo também os moshes mais intensos do dia até então e colocando todo o povo para “acordar”.

Rise Against no Brasil show Allianz

A cadência explosiva e o ritmo frenético de um show do Rise Against combinam absurdamente com o vocal agressivo e, em muitos momentos, melódico de Tim, que reverberava através do Allianz. De momentos mais calmos, como em Swing Life Away, a explosões como em Satellite, Give It All (alô, Need for Speed) e a própria Prayer of the Refugee e, com exceção de uma bateria e guitarra ligeiramente desreguladas para o público mais à frente, trazendo alguns momentos mais estourados, mas que não roubaram a cena perante todo o carinho contagiante, contendo momentos de interação por parte de Tim, comentando sobre o amor ao Brasil, questionando os fãs sobre sua experiência em shows passados do Rise Against e, é claro, proporcionando uma verdadeira festa que, apesar de curta, trouxe uma grande sobrevida a um dia que já começava, há algum tempo, a pesar pelo cansaço natural de um festival.


Para muitos, um dos pontos mais altos do festival do dia, a saída do palco do Rise Against trazia também a última leva de corpos que, com a noite total, mostrava uma legião de cabeças sob a penumbra, em burburinhos e expectativas para a penúltima atração da noite. Afinal, o pensamento era lógico: “Se o show do Rise Against foi tudo isso, o que vem a seguir será mais insano, né?”. Mas não foi bem essa a história.


Isso porque, subindo aos palcos, tivemos o Sublime, uma lenda dos anos 90 que trouxe toda a vibe californiana em sua mistura de punk e ska com pitadas de reggae, que, apesar de ter marcado uma geração e cultura, definitivamente foi a banda que mais se distanciou musicalmente do fluxo de apresentações que tínhamos tido até então.

Show do Sublime no Brasil no Allianz

Mas, antes de entrar em mais detalhes sobre essa sentida diferença, como deixar passar uma das apresentações visuais mais lisérgicas e convidativas da noite, que, na presença de um cenário simples, porém cativante, com seus tapetes, sintetizadores e mesa de DJ, ganhava força com um backdrop que era uma verdadeira viagem cósmica na forma de vídeos que davam todo aquele ar “Cheech & Chong”, com direito a muitas aparições de Lou Dog, o dálmata doidão que sempre foi um dos mascotes da banda.


Com poderosas faixas que não poderiam faltar, como What I Got, Wrong Way e, é claro, Santeria, a única e última música do set que levantou todo o estádio (com exceção dos fãs de Sublime que já pareciam ter feito ao menos cinco viagens cósmicas ao longo da apresentação), o show do Sublime foi um marcado por diversos momentos únicos, mas poucos tão fortes e emocionantes quanto a imagem de Jakob Nowell assumindo as guitarras e vocais em substituição ao seu pai, Bradley Nowell, falecido em 96 devido a uma overdose que o custou ver sua banda atingindo sucesso global.

Show do Sublime em São Paulo

Em imagens no telão de apresentações, sobrepostas pela própria imagem do filho, juntamente aos membros fundadores Eric Wilson (baixo e sintetizadores), Bud Gaugh (bateria) e amigo de longa data, Doug Boyce (samples), com também Trey Pangborn no apoio das guitarras, esta se fez como uma apresentação emocionante e totalmente orgânica, com direito a diversos momentos de interação com o público, agradecimentos à equipe e até um parabéns para um roadie, com direito a outro assumindo as guitarras em dada hora, mas que é importante reforçar que também contou com sua boa dose de microfones baixos e alguns problemas sonoros.


Uma apresentação que vai contra todo o preparo e profissionalismo milimetricamente calculado de diversas outras bandas, o show do Sublime certamente é um para não ser ignorado. Porém, o maior ponto aqui se dá na forma de sua imersão ser quase unicamente exclusiva aos já fãs de plantão. E isso não pela impossibilidade de conversão de novos em uma primeira experiência, mas justamente pela disposição de uma banda que, em ritmo, se diferia tanto das outras que estiveram ali, que acabou gerando uma grande quebra de fluxo para o público que parecia não entender e muitas vezes até não se importar (até a chegada de Santeria, como disse anteriormente).

Show do Sublime em São Paulo

O outro único momento em que a plateia pareceu reagir foi com a entrada do próprio Noodles (guitarrista do The Offspring), para a participação na música What I Got, o que imediatamente mostrou todo o carinho pelo Sublime (assim como Dexter estava logo ali observando), dando também uma maior ideia dos motivos da vinda da banda. Talvez outro ponto alto para o público geral tenha sido também em Jailhouse, cover de Bob Marley e The Wailers, que certamente reforçava a ideia da diferença de mundos entre a proposta do festival para com a banda.


Longe de ruim, porém como aquela quebra de ritmo brusca que, para alguém que não gosta de progressivo ou metal técnico, possa soar estranho, a aparição do Sublime pareceu desacelerar consideravelmente a energia trazida pelo Rise Against, no que veio a resultar em um show dos sonhos para os fãs da banda, mas, majoritariamente, apenas para os fãs da banda.


Com a maior pausa entre bandas até então, a longa espera de duas horas tecnicamente se encerrou mais rápido, com um início de show para o The Offspring um tanto quanto inusitado: diversas ativações nos telões, que foram engajando o público em uma mistura de animação e antecipação para o show. De vídeos com animações no formato de jogos 8-bits de Dexter e Noodles passando por fases ao som das músicas da banda, a rápidos teasers e jogos com quizzes sobre a história do grupo e um jogo de achar uma bola escondida entre copos.

Show do The Offspring em Sáo Paulo

Parece bobo, mas essas atividades (que também demandam grande investimento) foram o suficiente para este tempo de espera passar voando, com também um countdown de alguns minutos que, ao ver o seu fim, de fato, o grande show do The Offspring iniciou, ao som de Thunderstruck do AC/DC de fundo, um perfeito complemento ao título da turnê e álbum, Supercharged.


E a banda, encabeçada por Dexter Holland (vocais e guitarra) e Noodles (guitarra), e que conta também com Todd Morse no baixo, Jonah Nimoy na guitarra, percussão e teclados e Brandon Pertzborn na bateria, completam a formação atual que chegou chegando, com a forte trinca de All I Want, Come Out and Play e Want You Bad.


Rejuvenescendo e transportando todos os presentes para os anos 90, era bizarramente nostálgica a atmosfera que tomava conta entre as cabeças pulantes que faziam daquele momento um verdadeiro espetáculo. Com vídeos de fundo que alimentavam ainda mais essa sensação, como foi o caso da própria All I Want com Crazy Taxi de fundo. Fato é que toda a dinâmica de palco, viva, energética e impecável, elevou o dia para um outro patamar, mostrando a todos que a banda não estava para brincadeira.


Outra trinca que merece menção foi com a estreia de turnê de Mota, música de Ixnay on the Hombre que não via os palcos desde 2019, para o urro dos fãs que já estavam sabendo que uma ou outra música estavam vindo como surpresa para cada show. Na sequência, ao som do coro (inicialmente acanhado) de “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” devido a um sample, à medida em que recebíamos os pedidos de energia de Dexter, que eram tranquilamente atendidos, dava início a talvez uma das mais importantes músicas e que nem faz parte do repertório antigo da banda, a Come to Brazil, do álbum recente Supercharged, que iniciou toda a longa antecipação para o show e a superprodução que foi, quase como uma retribuição por todos os bons anos de apoio dos fãs brasileiros.

The Offspring em show em São Paulo

Nesta música em específico, dando tom da troca de “era”, houve significativas mudanças de palco, como duas caveiras infláveis e “eletrizadas”, além de incontáveis canhões de serpentinas verde e amarelo que voavam por todo o estádio com efeitos e luzes e fogos coloridos no topo do estádio e com imagens de caipirinhas e da bandeira do Brasil nas animações que percorriam o telão.


Até aqui, toda banda conseguia, de uma forma, demonstrar seu carinho e apreço pelo público brasileiro, assim como tantas outras bandas na história o fizeram, mas, sem sombra de dúvidas, algo daquela magnitude era verdadeiramente único e gerava um sentimento de aquecimento no coração que era impossível não se sentir como parte de algo histórico.


Hit That veio na sequência, provando que ainda dava para fazer o pessoal ir mais à loucura ainda, mostrando que o povo iria retribuir à altura e extrair o máximo da banda, assim como esses o faziam também. A interação, que, se diga de passagem, ocorria de uma forma divertida e leve, com falas e dinâmicas claramente ensaiadas por Dexter e Noodles entre algumas músicas e brincadeiras entre ambos que, apesar do script, traziam sim bastante entretenimento e diversão.


Este foi o caso, por exemplo, na sequência de medleys que Noodles tocava a guitarra de Seven Nation Army a Smoke on the Water, Man on a Silver Mountain, Iron Man, Back in Black e In the Hall of the Mountain King, um verdadeiro espetáculo à parte que mostrava ainda toda a competência do guitarrista, à medida que este ia acelerando a cada nota.

Show do The Offspring em São Paulo

Tudo isso ainda explodindo em Blitzkrieg Bop, dos Ramones, em um cover tocado na íntegra que tremeu todo o Allianz. Mas ainda havia muito mais por vir. Grandes hits como Why Don’t You Get a Job?, com direito ainda a dezenas de bolas infláveis voando de um lado para o outro em um incrível (e extremamente difícil de filmar) momento, ou Pretty Fly (For a White Guy), que trouxe ainda outra mudança de cenário com a saída das caveiras e a entrada de dois “bonecos de posto” com ainda o “White Guy” dançando ao fundo.


Certamente outro momento derradeiro foi em The Kids Aren’t Alright, provocando o maior mosh do festival, com direito a sinalizadores e as imagens dos mesmos correndo pelo telão em sobreposição ao vídeo do backdrop. Mas é claro que este não poderia ser o fim da apresentação, sem antes um encore que contou com You’re Gonna Go Far, Kid e Self Esteem para fechar a noite em mais uma gigantesca leva de serpentinas, fogos de artifício e um coro humano que nem por um segundo parou de cantar aos plenos pulmões.


Ensinando os jovens e tornando os adultos em jovens novamente, os olhos marejados, as costas arqueadas pelo cansaço e o sorriso de felicidade estampado nas pessoas do público se fazia a maioria, enquanto o The Offspring se despedia pela noite em completo agradecimento e gratidão por talvez um dos melhores shows de suas vidas.

Com direito ainda a um vídeo que será lançado posteriormente, a Supercharged Worldtour foi, sem sombra de dúvidas, um dos maiores eventos do ano que ficará marcado na memória de todos e posto como o melhor show do The Offspring até o momento entre suas últimas vindas.



Fica aqui o agradecimento mais uma vez às Lojas Besni, por proporcionarem esta conexão com a música, cultura e, sobretudo, com as pessoas, para testemunhar e relatar tamanha experiência e evento, em um excelente grande evento em São Paulo que tomou a forma do Punk is Coming.